Imagine um grupo de pessoas que habita o interior de uma caverna subterrânea, estando todas de costas para a entrada da caverna e acorrentadas pelo pescoço e pés, de sorte que tudo o que vêem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que vêem são a única coisa que existe. Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. E o que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca a sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passam de imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede. Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que vêem é tudo o que existe; é a única verdade que existe; é a realidade. Por fim, acabam matando aquele que retornou para dizer-lhes um monte de "mentiras".
domingo, 26 de maio de 2013
PLATÃO - MITO DA CAVERNA
Tão logo começa uma criança a compreender as coisas que lhe dizem, a babá, a mãe, o professor e até o próprio pai se empenham para que ela se torne a mais perfeita das criaturas.
Em tudo o que faz ou diz, se intrometem para dizer-lhe o que é justo e o que é injusto. De uma coisa dizem que é bela, de outra que é hedionda, apontam os gestos que seriam piedosos e os que seriam de impiedade e enchem os dias da criança com a história do “faça isto”, “não faça aquilo”.
Há, então, duas hipóteses: ou a criança obedece mansamente, ou resiste. Se resistir, ameaçam-na com pancadas, tratando-a como uma vara torta que precisa ser endireitada. Em seguida, quando a mandam para a escola, enfatizam a preocupação de cuidar mais do que se chama a “formação” da criança, do que propriamente de sua instrução no aprendizado das letras e da cítara.
Os mestres, por sua vez, não tem outra orientação: depois que as crianças aprender a ler e conseguem compreender os mistérios da escrita com a mesma facilidade com que entendem a palavra falada, são obrigadas a ler nos bancos escolares as obras dos grandes poetas e a decorar seus poemas. E isto, apenas para se impressionarem com as digressões, os elogios e as celebrações da valentia dos antigos, a fim de que a criança se sinta também estimulada a imitar os grandes homens e se esforce para parecer com eles.
Os mestres de cítara, por outro lado, fazem a mesma coisa: o que lhes importa é cevar os jovens a serem bons e terem um comportamento correto. Depois que conseguem tocar seu instrumento, são introduzidos no aprendizado dos grandes poetas líricos, cujas obras executam na cítara. Dessa forma, fazem com que os ritmos e as harmonias penetrem na alma das crianças, de modo que se tornem civilizadas e, dotadas de sensibilidade ao ritmo e à harmonia, consigam ser hábeis no manejo da palavra e na prática das ações.
Na verdade, toda a vida humana tem necessidade de ritmo e harmonia. Além disso, mandam as crianças ao professor de ginástica, para que se aprimorem suas condições físicas, devendo o corpo servir a uma espírito são, a fim de não se dobrar à covardia, que é muitas vezes provocadas pelo debilidade do corpo, tanto na guerra como nas atividades da vida cotidiana.
É claro que esse tipo de tratamento é privilégio das pessoas de maiores posses. Os de maiores posses são, obviamente, os ricos e, assim, seus filhos começam a ir à escola mais cedo do que os outros e a cursam durante o tempo mais longo. Depois de estarem livres da escola, o Estado encarrega-se de fazer com que aprendam as leis, aprendendo também a viver de acordo com elas, a fim de não cometerem irregularidades.
Pois a cidade é como um mestre-escola. O mestre-escola traça a conta às letras com seu estilete para os meninos que não sabem ainda escrever. Depois, entrega-lhes as tabuinhas, para que eles copiem as letras talhadas, e assim aprendem a fazê-las. O Estado faz a mesma coisa: depois de haver escrito as leis, criadas todas elas por bons e antigos legisladores, providencia para que os jovens sejam mandados por elas.
Todo aquele que transgredir as leis, sabe que será castigado. Por isso, cumprir um castigo chama-se, em nossa cidade, como em muitas outras, “prestar contas”. Pois, na verdade, o sentido que deve ter o castigo da transgressão da lei é o de prestação de contas à Justiça. Usando de tantos cuidados com a virtude pública a privada, não se podes espantar, ó Sócrates, nem pôr em dúvida esta verdade: - A virtude pode ser ensinada às pessoas. E isto não pode causar espanto, pois o que seria espantoso era que a virtude não pudesse ser ensinada.
Imagine um grupo de pessoas que habita o interior de uma caverna subterrânea, estando todas de costas para a entrada da caverna e acorrentadas pelo pescoço e pés, de sorte que tudo o que vêem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que vêem são a única coisa que existe. Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. E o que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca a sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passam de imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede. Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que vêem é tudo o que existe; é a única verdade que existe; é a realidade. Por fim, acabam matando aquele que retornou para dizer-lhes um monte de "mentiras".
Imagine um grupo de pessoas que habita o interior de uma caverna subterrânea, estando todas de costas para a entrada da caverna e acorrentadas pelo pescoço e pés, de sorte que tudo o que vêem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que vêem são a única coisa que existe. Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. E o que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca a sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passam de imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede. Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que vêem é tudo o que existe; é a única verdade que existe; é a realidade. Por fim, acabam matando aquele que retornou para dizer-lhes um monte de "mentiras".
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